Rua Monsenhor Celso (antiga 1º de Março). Data: 1920. Foto: autor desconhecido. Acervo: Cid Destefani/FCC-Casa da Memória. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (16/06/1991)
A Travessa Monsenhor Celso, Ernesto Guaita e o plano "Nova Coritiba" (Texto: João Cândido Martins)
Também conhecida como Ladeira do Pelourinho, Travessa da Cadeia e Travessa da Matriz. Depois ganharia como nome a data do término da Guerra do Paraguai: 1º de Março. Com o falecimento em 11 de julho de 1930 do Monsenhor Celso Itiberê da Cunha, a rua foi rebatizada com seu nome.
O prédio ao fundo foi uma construção do engenheiro italiano Ernesto Guaita. Acredita-se que tenha sido concluído entre 1889 e 1890. Foi sede da Câmara Municipal e também da Assembléia Estadual por breves períodos. Foi também quartel e sede da Escola de Artes e Ofícios, uma espécie de embrião do CEFET. Guaita construiu o prédio naquele local justamente para que o transeunte que descesse a Monsenhor Celso visse ao fundo a construção imponente (um "truque" visual importado da França).
Ernesto Guaita (1843/1916). Imagem extraída do Boletim da Casa Romário Martins, nº 23, ano 4 - O Palácio do Congresso (Câmara Municipal).
Guaita também foi responsável pelo primeiro projeto de desenho da malha urbana em 1885 (Projeto Nova Curitiba). Considerado o primeiro porque as sugestões dadas pelo engenheiro francês Pierre Taulois em 1855 não foram postas em prática. Trinta anos depois, Ernesto Guaita teve total poder sobe a distribuição e direcionamento das quadras e ajustou ruas que não seguiam a padronagem de malha xadrez. A única rua que ele não alterou foi a Monsenhor Celso, mantendo o ângulo inclinado em direção à Praça Carlos Gomes
Foto do Plano de Expansão de 1885, de Ernesto Guaita. Fonte: Casa da Memória. Citado em "A produção arquitetônica de Ernesto Guaita em Curitiba", de Analu Cadore (UFSC, 2010).
Na planta, a Monsenhor Celso ainda é chamada de Travessa da Matriz, e vai em direção ao Largo Sete de Setembro (atual Praça Carlos Gomes). A Praça Tiradentes ainda se chamava Largo Dom Pedro II, a Barão do Rio Branco ainda era Doutor Trajano (depois ainda seria Rua da Liberdade), a Rua XV ainda se chamava Rua da Imperatriz e a Deodoro, Rua do Imperador. Segundo as Atas da Câmara o plano foi adotado parcialmente.
A idéia de Guaita, em 1885, era que largas (30 metros) avenidas paralelas fossem implantadas a partir da então recém-surgida região industrial do Rebouças e se alongassem por aproximadamente 10 km em direção aos bairros Seminário e Portão, (à época conhecido como Colônia Dantas). Essa idéia só foi levada adiante (em partes) nos anos 20, por iniciativa do prefeito Moreira Garcez, e no final dos anos 40, com a extensão das avenidas Visconde de Guarapuava 7 de Setembro, Getúlio Vargas e Iguaçu, formando as largas avenidas paralelas que Guaita imaginou em 1885.
Vista aérea de 4 das 6 avenidas que ligam o Rebouças aos bairros Batel, Seminário, Água Verde e Portão. Imaginadas por Guaita em 1885, as avenidas só foram concretizadas no final da década de 40. Foto: Nelson Nigro Samways. Acervo: Cid Destefani,. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (10/04/1994)
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