Antiga sede do Museu Paranaense, no Batel (Palacete Macedo, demolido em 1965). Data: 1954. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (Cid Destefani, 25/11/1990)
Antiga sede do Museu Paranaense (demolida em 1965) que ficava no cruzamento entre as ruas Aquidaban (Emiliano Perneta) e Doutor Pedrosa, no Batel. Data: 1954. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia, 25/11/1990.
No local havia um morro conhecido como Alto da Bela Vista, que serviu de sustentação ao prédio, concluído em 1902. O projeto foi encomendado pelo industrial ervateiro Manoel de Macedo ao engenheiro italiano Ernesto Guaita, que não se furtou em utilizar técnicas construtivas alemãs na obra. Um exemplo foi a construção de um grande muro lateral feito com pedras, que mantinha a altura original do morro. A perspectiva proporcionada ao transeunte destacou a imponência da construção. A Casa Gótica no cruzamento da Rua XV com a Monsenhor Celso (outro projeto de Guaita), também pertenceu ao Comendador Manoel de Macedo.
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Palacete Macedo em 1940 (Fonte: Gazeta do Povo, 02/10/2011)
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Gazeta do Povo. Coluna Nostalgia, Cid Destefani, 25/11/1990
O Alto da Bela Vista – Ficava no fim da Rua Aquidaban a colina cujo topo, no começo do século, o curitibano vislumbrava toda a cidade e os campos que a circundavam até a Serra do Mar. Manoel de Macedo, rico ervateiro, construiu bem no alto desta elevação um faustoso palacete (projeto do engenheiro italiano Ernesto Guaita, finalizado em 1902).
Aboletou-se o rico industrial Macedo, com sua família no local mais privilegiado de Curitiba, conhecido por todos como o Alto da Bela Vista. Com o passar do tempo, o lugar foi se urbanizando. Onde a Rua Aquidaban (atual Emiliano Perneta) encontrava a Doutor Pedrosa, foi construído um largo, por muito tempo conhecido como “Largo do Mercadinho”, pois ali, em 1915, o prefeito Cândido de Abreu construiu um quiosque hexagonal onde funcionava o pequeno mercado do Batel. Foram abertas as ruas Buenos Aires e a continuidade da Emiliano Perneta (ou da Dr. Pedrosa?) em direção à Avenida do Batel. O palacete de Manoel Macedo ficou ainda mais imponente na paisagem, um muro de arrimo, todo em pedra, projetava a residência a mais de dez metros acima do nível da rua.
Com o passar dos anos o ervateiro teve seus problemas financeiros e o seu palacete acabou se torando propriedade do estado. Sabiamente ali foi instalado o Museu Paranaense, que permaneceu no local por mais de três décadas. O local ficou concorrido. O visitante deliciava-se em ter uma vista privilegiada de Curitiba lá bem do alto da mureta que circundava o solar pelas faces norte e leste, além de ver o acervo histórico muito bem exposto naquela casa de cultura.
Cartão Postal 1916. O Alto da Bela Vista e o Palacete que ainda servia de residência à família Macedo vistos do cruzamento Rua Aquidaban (atual Emiliano Perneta) com a Praça Zacarias
Meados da década de 60. O Museu Paranaense foi dali retirado. O palacete posto abaixo e destruído o que restava da colina do Alto da Bela Vista, fiando um buraco no local. A alegação de tal destruição era de que seria construído ali um banco estatal. Nada foi feito e lá está o buraco, fechado por um tapume de madeira, abandonado há quase 25 anos (obs.: em 2014, 50 anos). Os curitibanos que conheceram e frequentaram o museu sentem uma angústia quando põem os olhos em fotografias do local, iguais à imagem que publicamos acima, cientes de que ali oi cometido um dos maiores crimes contra o patrimônio cultural e paisagístico da cidade.
O Alto da Bela Vista deixou e existir, o palacete de Manoel de Macedo foi para o “beleléu” e o acervo do nosso Museu sofreu danos nas instalações que lhe foram destinadas. Perdeu a cidade e perdeu seu povo. Ficou o buraco, que bem pode ser chamado de “O Buraco da Burrice”.
Obs.: trata-se do local que serviu de mirante para o registro da vista do Centro de 1954, mostrada na postagem anterior.
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