segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia, Cid Destefani – 21/10/1990 – Praça Generoso Marques - Um burro. Um burro enorme e cinzento, recortado em folha de flandres tendo pintado em seu corpo com letras brancas: “Só eu não compro na Casa das Casimiras”. Lembrança visual dos anos 40 da Praça Generoso Marques. No mesmo local existira anteriormente a Casa Abdo, famosa por suas propagandas e página inteira na velha Gazeta. Na fotografia acima, feita em 5 de maio de 1948, já vemos no local a Alfaiataria ABC, tendo ao lado a Casa de Músicas Hertel, seguida da matriz da Casa Ideal especializada em calçados finos e pertencente à Dona Paula Elias. Adiante o enorme A da Casa Alumínio, da família Schiebler. A Generoso Marques merece páginas inteiras para descrever sua história. Por volta de 1870, o local era um banhado onde os moradores das redondezas jogavam o lixo. Em 1874, com a inauguração do Mercado Municipal, foi baixado um ato pela Câmara de Vereadores dando nome ao local de Largo do Mercado, isso em 17 de outubro daquele ano. Entre 1914 e 1916 foi construído o prédio da prefeitura, tendo as paredes externas do mercado servido como tapume. Nessa época o local era conhecido como Praça Municipal. Ainda no tempo do velho mercado, a praça, um descampado, servia para abrigar os raros circos que visitavam Curitiba. Foi em 1876, quando era demolida a velha Igreja Matriz, que ali se instalou o Circo Pery, que trazia entre suas atrações um acrobata inusitado. O espanhol Zeballes subiu pendurado em um balão, fazendo cabriolas em duas argolas que pendiam do mesmo. Segundo a crônica da época, o intrépido malabarista foi o primeiro ser humano a voar nos céus curitibanos. Desceu a três quilômetros de distância, lá nas bandas do Bigorrilho. Generoso Marques do Santos, ilustre curitibano, nascido em 1844, foi eminente homem público tendo sido seis vezes deputado quando o Paraná era província e mais cinco vezes, já no período republicano. Senador em duas legislaturas, exerceu, inclusive, o cargo de Presidente da Província em dois curtos períodos. Além da advocacia, exerceu o jornalismo, tendo escrito em diversos periódicos, inclusive no Dezenove de Dezembro durante cinco anos. Generoso Marques faleceu em março de 1928 e, dentre as muitas homenagens que lhe foram prestadas coube o batismo, com seu nome para o logradouro que já ostentara os nomes de largo do Mercado e Largo Municipal. A praça sofreu durante sua existência inúmeras modificações. Por ali circularam os carroções dos colonos que traziam seus produtos para comercializar no mercado. Os primeiros carroceiros ali surgiram, fazendo carreto entre o local e a Estação Ferroviária. Por ali circularam os bondes de mulas e, posteriormente, os elétricos. Hoje (1990) é um terminal de ônibus. O comércio sofreu mutações também interessantes. Primeiro foram os alemães seguidos dos árabes e judeus e agora, a região em quase sua totalidade é dominada pelos elementos da colônia síria. A cidade muda seu aspecto com certa dinâmica, ficando para trás a saudade nostálgica dos velhos tempos lembrados apenas pelos antigos de boa memória, ou por velhas fotografias.

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