segunda-feira, 14 de julho de 2014

Os Clubes de Curitiba

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Convite para os bailes de carnaval do Clube Curitibano, em 1908.

Convite para o baile de aniversário do Clube Curitibano, em 06/01/1910.

Talvez pelo clima, talvez pelos costumes advindos da colonização europeia ou, quem sabe, pelo simples prazer do bom convívio social, Curitiba sempre foi uma cidade com um grande número de clubes, associações recreativas, esportivas e culturais. Havia, no passado, vários clubes que reuniam etnias europeias, como os italianos (Sociedade Garibaldi), os alemães (Clube Concordia, Sociedade Thalia, Sociedade Rio Branco, Sociedade Duque de Caxias, entre outras), poloneses (Sociedade União Juventus), ucranianos e de outras origens, estabelecidos no século XIX pelas primeiras gerações de imigrantes e mantidos por seus filhos e netos.

As associações de imigrantes alemães foram as primeiras e as mais numerosas, devido a forte tradição germânica de clubes culturais e esportivos, como os de caça e tiro. Os clubes que tinham nomes germânicos foram obrigados a mudá-los, durante a ditadura do Estado Novo, para nomes brasileiros, muitos homenageando personagens históricos e heróis nacionais. Fundados, em sua maioria, na segunda metade do século XIX, muitos continuam existindo, mas, perderam sua identidade original com a natural integração dos descendentes à comunidade em geral e o distanciamento das raízes estrangeiras. Alguns ainda mantêm grupos folclóricos e as festividades mais tradicionais dos países de origem.

Meus trisavós italianos, Soffiatti, frequentavam a Sociedade Garibaldi, e os trisavós alemães, o Clube Concordia, que primeiro chamou-se Gesangverein Germania e, depois, Verein Deutscher Sängerbund. Segundo contam as histórias de família, João Baptista Klüppel, irmão do trisavô Nicolau Klüppel, liderou um grupo dissidente que fundou a Sociedade Thalia, em razão de desentendimentos internos no Clube Concordia, fato corriqueiro no seio dos clubes teutônicos. Já, meus bisavós natos de Curitiba, como João dos Santos Biscaia, frequentavam o Clube Curitibano, fundado em 1881 por algumas das famílias mais antigas da cidade. O bisavô Biscaia participava ativamente das comissões de organização dos eventos sociais da agremiação, como mostram os convites para os bailes do clube, na primeira década do século XX.

A tradição familiar de gosto pelo convívio associativo foi transmitida aos seus filhos. Meu avô, Mário Chalbaud Biscaia, era grande entusiasta do associativismo e foi sócio de vários clubes em Curitiba, como o Curitibano, o Graciosa, o Thalia e o Clube Atlético Paranaense. Mesmo no litoral do Paraná, para onde iam muitas famílias curitibanas no verão, a necessidade de manter esses costumes e as atividades sociais durante as temporadas de praia, animaram um grupo de amigos curitibanos, entre os quais o meu avô, a fundar o Iate Clube de Guaratuba, em 1949, um dos primeiros clubes náuticos do Paraná. 

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