domingo, 20 de julho de 2014

O Batel

Vira, mexe e acontece acabo vindo a dar com os costados no Batel. Afinal de contas, é o meu rincão natal. Hoje não estou aqui para contar vantagens do bairro chique, hoje nem tanto. Quem não deseja ter um espaço que seja rodeado de gente de bem, moradora em residências de alto padrão. Gente cheirosa e bem vestida?
Pois bem. A ocupação, os acontecimentos e os desmandos transformaram o badalado e cantado Bairro Chique do Batel num espaço deteriorado, principalmente o recanto, o lugar que até pouco tempo atrás era conhecido como a Bragalândia, um ambiente que foi urbanizado quando o Ney Braga era o prefeito de Curitiba, na década de 1950.
Acervo Cid Destefani
Acervo Cid Destefani / Avenida Vicente Machado, em setembro de 1950, entre as ruas Jerônimo Durski e Francisco Rocha Ampliar imagem
Avenida Vicente Machado, em setembro de 1950, entre as ruas Jerônimo Durski e Francisco Rocha
Hoje, a Avenida Vicente Machado, por exemplo, concentra naquele espaço uma incrível quantidade de clínicas médicas, que poderia ser apelidada de Via dos Enfermos. Algumas dessas instalações não oferecem espaço para os clientes estacionarem suas conduções. Existiu até uma clínica que acabou virando hospital, isso feito num passe de mágica que muitos acostumados a tais prestidigitações chamam simplesmente de: jeitinho. Com jeitinho, ou sem, a excrescência está funcionando.
O movimento intenso de doentes, assegurados talvez por um plano modesto, não permite que exista um estacionamento de veículos que transportam os pacientes, o que existe comporta os carros dos funcionários do próprio nosocômio, e só foi instituído após um dos médicos ter sido assassinado em plena Avenida Vicente Machado. Como os clientes não acham vagas para deixar suas conduções, qualquer espaço nas ruas do entorno é usado como estacionamento.
Uma dessas ruas é a Olavo Bilac, que tem uma pequena quadra, entre a Josefina Rocha e a Jerônimo Durski, que ainda não está devidamente urbanizada com calçadas. É onde são deixados os automóveis dos ditos pacientes. Pela falta de passeio os carros são estacionados em posições diversas. Para os ladrões é um prato de primeira. Em pouco tempo, já roubaram quatro carros e arrombaram mais de meia dúzia. Estava tudo bem, nem polícia nem prefeitura tomavam conhecimento. Aconteceu o pior.
Na última segunda-feira, dia 8, por volta das 7h40 da noite, uma senhora estacionava o seu carro para jantar num dos restaurantes locais – na região tem vários, e o espaço é ocupado também por diversas lojas e escritórios. Abro uma ressalva: estou abordando uma região residencial, qualificada pela prefeitura de ZR1. Pois então, quando a senhora estacionava o carro foi assaltada por um bandido armado.
Correu o alarme do ataque por alguém que viu a cena. Um policial aposentado que estava nas cercanias acudiu de arma em punho. No mesmo instante, uma viatura que passava pelo local, com dois guardas municipais, também tentou impedir o crime. O resultado foi um intenso tiroteio, onde a senhora refém saiu ferida no ombro, um guarda atingido nas nádegas e o policial aposentado ferido na cabeça, internado em estado grave no Hospital Evangélico. O bandido fugiu sequestrando um carro em um posto de gasolina, na esquina da Vicente Machado.
Esse é o Batel que já era. O Batel sem polícia, o Batel que o pessoal faz o que quer na base do jeitinho, que muitas vezes pode ser também jeitão. Acredito que o serviço de prevenção da polícia deva ser mais eficaz, evitando em se apresentar depois do leite derramado, assim como espero que meu amigo prefeito dê um jeito nos ajeitamentos ocorridos que ocorrem naquele espaço desta Curitiba velha de guerra. Vamos dar um giro por ali através de fotos feitas quando a região estava começando a ser urbanizada.

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