domingo, 5 de janeiro de 2014

bairro do Batel

MATÉRIA PUBLICADA NA COLUNA "NOSTALGIA" DO JORNAL GAZETA DO POVO - CID DESTEFANI
Na semana que passou, vários leitores entraram em contato com a editoria desta página, em razão de ter sido anotado que está para sair um livro sobre o bairro do Batel, de autoria deste editor. A maioria lembrando detalhes daquela região de Curitiba através dos tempos. Tal interesse em ajudar, participando do levantamento sobre os acontecimentos ali ocorridos, é extremamente bem-vindo e as colaborações podem ser enviadas ao e-mail que está no topo da página.
O bairro do Batel, como já é sabido, surgiu pelo desejo de um alfaiate que engendrou uma marujada (festividade folclórica oriunda de Portugal). Segundo consta, o sucesso foi tão grande, na Curitiba do início do século 19, que o promotor da festa resolveu apresentá-la na vizinha cidade de São José dos Pinhais. Ao transportar o seu batel em cima de um carro de bois, o mesmo tombou e quebrou na região hoje conhecida popularmente como a Pracinha do Batel. O ilustre festeiro abandonou ali – talvez desacorçoado pela frustração de seu intento – o batel da festividade, o qual viria dar nome ao bairro mais badalado da cidade.
A região valorizou-se com o surgimento da indústria de erva-mate, ainda no século 19. A grande figura que colocou Curitiba como a principal beneficiada pela economia do mate foi, sem dúvida, Ildefonso Pereira Correia, que, pelo fato, veio a ser o barão do Serro Azul. Modernizou um pequeno engenho já existente, o Engenho Iguaçu, construindo em seguida o Engenho Tibagi, exatamente frontal à atual Pracinha do Batel.
Após o assassinato do barão, em maio de 1894, surgiram mais dois engenhos de mate no Batel. O Santa Graça, de propriedade de Manoel de Macedo e localizado onde hoje é a esquina da Rua Coronel Dulcídio com a Benjamin Lins, e mais a Ervateira Americana, de propriedade de David da Silva Carneiro – esse último trabalhou com o barão.
O Engenho Tibagi foi vendido pela viúva, Maria José Correia (a Baronesa), aos herdeiros de Francisco Fasce Fontana e mais tarde transferido à indústria Leão Junior. A região do Batel que pertenceu ao barão do Serro Azul, onde também estava instalada a sua formidável chácara, os curitibanos a denominavam, durante muito tempo, como A Chácara da Baronesa e, ainda hoje, as propriedades ali existentes têm como primeiro registro o nome de Planta da Baronesa.
Entre 1870 e 1940, o bairro do Batel teve o seu desenvolvimento lastreado na indústria da erva-mate, cujo maior produtor do mundo foi Ildefonso Pereira Correia, assim como o maior exportador do Paraná.
O livro sobre o bairro do Batel trará maiores detalhes sobre a economia que desenvolveu o espaço mais disputado e valorizado de Curitiba, isso sem deixar de valorizar o lado humano que ocupou aquela região desde o seu surgimento, há mais de 160 anos. Se o amigo leitor tem alguma história curiosa da vida do Batel e quiser colaborar favor enviar paraCid.Destefani.Fotos@Gmail.Com, pelo que ficaremos gratos. Vamos às fotos de alguns engenhos de mate do Batel:
O Engenho Tibagi do barão do Serro Azul, em foto de 1885. O terreno em primeiro plano, que aparece com erosões, é a atual Pracinha do Batel (Arquivo Cid Destefani)
Engenho Tibagi em foto de 1910, agora já pertencente à família Fontana. Na ocasião, um carregamento de mate para exportação feito em bondes de mulas (Acervo Cid Destefani)
Engenho Iguaçu, na Avenida do Batel esquina com Rua Bento Viana, modernizado pelo barão. Na época, já pertencia à firma do uruguaio B.R. de Azevedo em sociedade com Edgard Linhares. Imagem da década de 1930 (Acervo Cid Destefani)
A Ervateira Americana, pertencente ao industrial David da Silva Carneiro, localizava-se nas esquinas das ruas Comendador Araújo com Brigadeiro Franco. Foto de 1916 (Acervo Cid Destefani)
Barricas de pinho, para exportação de erva-mate, sendo descarregadas na Ervateira Americana. Foto de 1916

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