sábado, 3 de janeiro de 2015

História da Energia no Paraná




A história da energia elétrica no Paraná e de suas sucessivas etapas, até atingir o estágio atual, são contemporâneas de seu uso no país. Essa história tem pouco mais de um século, porque as primeiras usinas elétricas do Brasil surgiram no ano de 1883, em Campos (RJ), Juiz de Fora e Diamantina (MG).

Curitiba 1912No Paraná, o primeiro esforço para a eletrificação ocorreu em 9 de setembro de 1890, quando o presidente da Intendência Municipal de Curitiba, Dr. Vicente Machado, assinou contrato com a Companhia de Água e Luz do Estado de São Paulo, para iluminar a cidade com "uma força iluminativa de quatro mil velas". Baseada nesse contrato e com uma concessão de 20 anos, a Companhia instalou a primeira usina elétrica do Paraná num terreno próximo à antiga estação ferroviária, localizada atrás do então Congresso Estadual (atual Câmara Municipal de Curitiba).
A usina começou a funcionar oficialmente em 12 de outubro de 1892 (muito embora já estivesse produzindo um mês antes), sob a direção do engenheiro Leopoldo Starck, seu construtor. Duas unidades a vapor fabricadas em Budapeste produziam 4.270 HP de força, consumindo 200 metros cúbicos de lenha por dia. Em 18 de maio de 1898, a empresa José Hauer & Filhos adquire a concessão do contrato e da usina, cogitando aumentar a sua capacidade pois Curitiba já tinha uma população estimada em 40 mil habitantes.
Foi em 1901 que se instalou a primeira usina termelétrica propriamente dita, num terreno situado na Avenida Capanema perto da garagem ferroviária, também na Capital, onde hoje está a Estação Rodoferroviária. Esta usina operava dois conjuntos geradores de 200 HP cada um, tendo sido ampliada três anos mais tarde com a incorporação de outro gerador de igual potência. Enquanto isso, o contrato de concessão para a exploração e fornecimento de energia elétrica era sucessivamente transferido. Em 1904 passou para a Empresa de Eletricidade de Curitiba (Hauer Junior & Companhia), e em 1910 para a The Brazilian Railways Limited.
Somente depois de decorridos dez anos do advento da eletricidade em Curitiba é que uma segunda cidade no Estado (Paranaguá) passou a contar com tal benefício: em 1902 a família Blitzkow colocava em operação um sistema de geração com dois grupos a vapor de 65 kVA. Dois anos mais tarde foi a vez de Ponta Grossa ter eletricidade. União da Vitória foi a cidade seguinte, graças a um acordo firmado entre a prefeitura local e o comerciante Grollmann. Em 15 de junho de 1916, o acervo local é adquirido pela Empresa de Eletricidade Alexandre Schlemm, inclusive o locomóvel de 100 HP movido a lenha.

Curitiba 1939A estas localidades pioneiras seguiram-se Campo Largo, Prudentópolis, Castro, Guarapuava, Piraí do Sul e Campo do Tenente, todas em 1911. Ainda pela ordem cronológica, sucederam-se Palmeira, Irati, Ipiranga, São Mateus do Sul, Jaguariaíva, Sengés, Tibagi, Araucária, Cambará, Rio Azul, Andirá, Itambaracá, Santo Antônio da Platina, Antonina, Guarapuava, Rio Negro, Lapa e Siqueira Campos - estas últimas já no final da década de 20.
Algumas indústrias também começaram a instalar geradores, para consumo próprio. As Indústrias Reunidas F. Matarazzo, em 1921, para movimentar um moinho de trigo junto ao porto de Antonina e, em 1925, para fazer funcionar um frigorífico e uma indústria têxtil em Jaguariaíva. A Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná instalou uma pequena usina em Cianorte para atendimento restrito, e as Indústrias Brasileiras de Papéis, em Arapoti, passou a contar com eletricidade em 1926.
Outra data bastante importante para a história da energia elétrica no Paraná é 18 de julho de 1928, quando foi assinado o contrato de concessão de distribuição de energia elétrica em Curitiba entre o Governo do Estado e o Grupo de Empresas Elétricas Brasileiras, que em seguida transferiu o compromisso à Companhia Força e Luz do Paraná, constituída naquela ocasião. A região da capital contava então com 2.590 quilowatts de capacidade geradora e 7.543 unidades consumidoras.
As primeiras usinas geradoras de eletricidade instaladas no Paraná eram movidas a vapor. Foi em 1910 que se inaugurou a primeira hidrelétrica do Estado, a Usina de Serra da Prata, perto de Paranaguá, com potência de 400 kVA e que forneceu eletricidade à cidade até o início da década de 70 quando foi desativada.
Um ano depois era colocada em funcionamento no município de Ponta Grossa a Hidrelétrica de Pitangui, com potência de 760 kW, que permanece em operação e vem a ser a mais antiga usina do parque gerador próprio da Copel. Outras centrais desse tipo continuaram a ser instaladas, mas foi somente em 1930 que se inaugurou uma usina considerada grande para os padrões da época, a de Chaminé, com 9 megawatts, implantada na Serra do Mar nas proximidades de Curitiba. A usina passou mais tarde por ampliações e permanece em operação até hoje, com potência instalada de 16 megawatts.
Os empreendimentos energéticos da época já tinham o respaldo do Código de Águas (instituído pelo Decreto-Lei número 24.463 de 10 de julho de 1934) e do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (Lei número 1.285 de 1939), que permitiam ao Poder Público o início da coordenação sobre o setor - até então vulnerável e quase integralmente dependente da iniciativa privada.
Assim, com o apoio do Plano Nacional de Eletrificação (que preconizava a intervenção direta do Estado na área da produção de energia), foi criado o Serviço de Energia Elétrica do Paraná, que no ano seguinte transformou-se no Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE).
Curitiba 1948
Por volta de 1948, a potência instalada em usinas no Paraná totalizava 43.195 kW. Fora da região de Curitiba (atendida pela Companhia Força e Luz do Paraná), o Sul do Estado (regiões da Lapa, Rio Negro e Campo do Tenente) recebia energia da Empresa Sul Brasileira de Eletricidade e da Empresa de Eletricidade Alexandre Schlemm (esta, atendendo União da Vitória e Porto União). As cidades de Ponta Grossa, Castro e Piraí do Sul eram abastecidas pela Companhia Prada de Eletricidade. A Companhia Hidro Elétrica do Paranapanema atendia a 20 municípios do Norte Pioneiro. As cidades de Londrina, Arapongas, Cambé, Ibiporã, Rolândia e Jataizinho era abastecidas pela Empresa Elétrica de Londrina S.A.
A carência de energia elétrica não podia ser resolvida por essas empresas particulares de eletricidade - as mais importantes, com sede em São Paulo - já que seu âmbito de ação era estritamente local, não reunindo as vantagens das interligações. O primeiro Plano Hidrelétrico do Estado data de 1948, com previsão dos sistemas elétricos do Sul (apoiado nas usinas de Capivari-Cachoeira e Salto Grande do Iguaçu), do Norte (abastecido pelas usinas de Salto Grande e Capivara, no rio Paranapanema, e Mourão), e do Oeste (contando com centros geradores isolados).
Posteriormente, em 1952, o referido plano transformou-se em outro a ser cumprido em duas etapas: a primeira, de curto prazo, levaria à conclusão de Pequenas Hidrelétricas (Cavernoso, Caiacanga e Laranjinha), enquanto a segunda, dependente de financiamentos, previa a construção de Capivari-Cachoeira (105 MW), Tibagi (36 MW), Carvalhópolis (27 MW) e a Termelétrica de Figueira (20 MW).
Antes ainda da existência da Copel, os serviços elétricos a cargo do Governo Estadual estavam confiados ao DAEE, instituído em outubro de 1948. Sua criação assinalou o início de grande movimentação na área, pois foi praticamente contemporânea à elaboração do primeiro Plano Hidrelétrico do Estado: ao mesmo tempo em que dava início às obras de sua primeira etapa, o DAEE passou a instalar motores e conjuntos a diesel com capacidade entre 70 e 154 kVA em muitas localidades, em caráter de emergência, para atender o crescimento que todo o interior já experimentava.
Como as obras maiores eram de construção mais demorada e exigiam muito capital, a solução possível foi esta. E nesse sentido a ação do DAEE teve o mérito do esforço pioneiro, garantindo o fornecimento de eletricidade a várias dezenas de cidades - além de proporcionar assistência a prefeituras que mantinham serviços próprios de eletricidade.
Em 1953, uma Lei Estadual criou a taxa de eletrificação, proporcionando novos recursos financeiros para a execução do Plano. No ano seguinte foi criada a Copel, que deveria assumir gradativamente a responsabilidade pelos serviços até então a cargo do DAEE, prefeituras e concessionárias particulares. O Departamento ainda continuou a atuar no setor por algum tempo, tendo construído as Usinas de Ocoí (em Foz do Iguaçu), Cavernoso (em Laranjeiras do Sul) e Melissa (em Cascavel).
As Usinas Chopim I e Mourão I foram iniciadas pelo Departamento, e depois concluídas pela Copel, criada em 1954. Transferindo à nova empresa suas instalações e sistemas de atendimento, o DAEE pôde se dedicar à administração dos recursos hídricos, realizando

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