Saiba mais sobre a centenária ponte do bairro Rebouças
No século XIX a erva-mate era a base da economia paranaense e o intenso comércio de exportação da planta agitava todo o Estado, especialmente Curitiba e Paranaguá. Devido a intensidade do comércio foi necessária a construção de uma ferrovia que tornasse todo processo mais fácil. Assim, nasceu a estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, construída durante os anos de 1880 a 1885.Nessa época, lá por 1900, Curitiba tinha como portal de entrada a praça Eufrásio Corrêa e a rua da Liberdade, atual rua Barão do Rio Branco. Todo o comércio, hotéis e residências particulares ficavam em seu entorno, seguindo até a praça Tiradentes. Curitiba ainda era bastante provinciana, e paralela à construção da estrada de ferro, era preciso uma estação imponente, que funcionasse como um cartão postal.
Engenheiros europeus e engenheiros da escola Politécnica do Rio de Janeiro buscavam a transformação de Curitiba e por isso resolveram construir a estação ferroviária nessa região. Além, é claro, de um outro motivo contundente: em época de chuva toda aquela área se transformava em um lodaçal, com inundações frequentes do rio Belém.
E assim foi projetada a Estação Ferroviária de Curitiba pelo engenheiro de origem italiana, Michelangelo Cuniberti. A recomendação do então governador, Cândido de Abreu, era por um prédio funcional, confortável, de baixo custo e que seguisse as tendências italianas para esse tipo de edificação, diretrizes que foram seguidas à risca pelo engenheiro. O término ocorreu em 1884, com a chegada do primeiro trem a Curitiba.
Com a construção da estação foi preciso uma ponte no local. Então, em 2 de fevereiro de 1885, foi inaugurada a Ponte Rua Schmidlin, uma alusão ao proprietário do terreno sobre o qual passava a ponte. A autoria do projeto também ficou a cargo de Michelangelo Cuniberti. Porém, com aumento do tráfego ferroviário e do peso dos carregamentos, tornou-se necessário remodelá-la e ampliá-la.
A Ponte Preta
Em 1944, a Ponte Preta foi inaugurada pelo governador e coronel, Durival de Brito. A obra foi um avanço para a época e considerada um projeto de risco. Toda a sua estrutura metálica foi importada da United States Steel Co., Nova Iorque (naquela época não havia produção de aço no Brasil), e as pedras foram talhadas em formas geométricas. Os americanos exigiram um documento que garantisse a estabilidade da obra, pois nunca construíram algo semelhante e estavam temerosos. O engenheiro e projetista Oscar Machado da Costa arcou com todos os riscos e junto com sua equipe colocou a ponte em pé.
A ponte custou 271 contos de réis, 132 mil réis e 102 réis e nela foram empregadas 21.178 toneladas de material. O superintendente do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná), José La Pastina Filho, conta que a ponte até já foi de outra cor. “Originalmente a ponte era na cor prata. Com os anos ela foi pintada na cor preta e com isso surgiu o apelido Ponte Preta. O apelido se popularizou de tal forma que o viaduto da João Negrão até hoje é conhecido como Ponte Preta”, explica.
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